quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um vício chamado SM



Ah, esse fogo maldito que queima por dentro. Maldito vício chamado SM! Talvez a mais potente e alucinógena das drogas.
 A princípio parece apenas uma brincadeira. “São fantasias”, pensam os desavisados e curiosos. O problema é que a coisa não funciona bem assim. Uma vez gostando do primeiro texto relacionado ao tema passamos a buscar mais e mais esperando saciar a vontade de entender o porquê de tanta “insanidade” causar excitação. Vivendo em uma sociedade onde, nos dias de hoje, a submissão da mulher ao homem é inaceitável e onde gostar da dor é considerado distúrbio psicológico, a umidade entre as pernas e o pré-conceito do que é certo passam a guerrear na cabeça do leitor. Mas, não são só textos... Há ainda espalhados na rede uma infinidade de imagens e vídeos. Uma verdadeira overdose gratuita de SM capaz de corromper qualquer criatura.

  
E a coisa para por aí? Não! Mesmo que nos entreguemos às fantasias e deixemos que dedos e brinquedos aliviem o tesão que aflora à pele, é preciso mais. O sádico necessita ver a expressão de dor e prazer causada por ele, assim com o masoquista anseia, desesperadamente, pelo momento em que seu corpo será tomado pela agonia. Não basta desejar dominar ou se submeter a alguém. É preciso colocar isso em prática.
Pronto, eis aí a constatação de quão perigosa é essa droga. Tornamos-nos dependentes do SM mesmo antes de tê-lo experimentado. O vício é tamanho que encontrar finalmente uma forma de saciar essa vontade passa a ser um objetivo único. É nessa hora que muitos caem em armadilhas e acabam conhecendo o lado podre e doentio de vermes que contagiam o meio - mas essa é outra questão.
Para aqueles que finalmente conseguem se libertar de seus medos e preconceitos, se permitindo uma relação SM, saibam que nesse momento não entregaram apenas o corpo ao prazer e à luxúria, mas também a alma. Essa é imediatamente contaminada pela droga e, nesse caso, sinto dizer que a dependência não tem cura.


Dado o primeiro passo não há como retroceder. Nenhuma noite de amor baunilha terá encantamento depois de uma sessão SM. Entender o porquê disso é fácil... O SM não é apenas proporcionar e sentir dor, ele engloba domínio e submissão, arde e incendeia seus adeptos estejam eles ligados, ou não, por sentimentos como amor ou paixão. O som decorrente do uso dessa droga não se limita a suspiros e juras de amor. Ele se expande em gemidos, gritos, choros e súplicas. A melodia se faz ainda pelas notas intercaladas do zunido do chicote cortando o ar, do estalar da mão que atinge a pele, do esfregar de correntes.
O SM tem cor. Nuances que do rosado passam ao vermelho pálido, ao vermelho vivo, ao vermelho sangue. A tonalidade ainda mudará no decorrer dos dias. Serão lembranças coloridas desenhadas na pele, transformando corpos em verdadeiras obras de arte e prazer.



E não é só som e cor. O SM tem lá seus sabores oferecidos em chuvas de prata ou ouro, no suor salgado que percorre o corpo, no doce-amargo gosto do gozo. Tem o perfume do prazer, do medo, do desejo, da loucura. Mais que isso, tem textura, temperatura. Ah, essas não há como explicar, apenas como sentir.



Com o passar do tempo iremos deparar com o inevitável. Vamos descobrir que não podemos viver sem o SM, mas que poderemos sobreviver a ele, basta apenas escolher como. Ou se aceita e desfruta dele como fonte de prazer e loucura ou podemos optar por sucumbir diante de fracassadas tentativas de recuperação. Ele não nos matará, é sádico demais para isso. Mas será o pior dos sofrimentos, a tradução exata da “dor que desatina sem doer”.


(autor desconhecido)

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