terça-feira, 17 de abril de 2012

"Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua".

(marta medeiros)


"Senhor!Dá-me a esperança, leva de mim a tristeza e não a entrega a ninguém.
Senhor! Planta em meu coração a sementeira do amor e arranca de minha alma as rugas do ódio.
Ajuda-me a transformar meus rivais em companheiros, meus companheiros em entes queridos.
Dá-me a razão para vencer minhas ilusões.
Deus! Conceda-me a força para dominar meus desejos.
Fortifica meu olhar para que veja os defeitos de minha alma e venda meus olhos para que eu não cometa os defeitos alheios.
Dá-me o sabor de saber perdoar e afasta de mim os desejos de vingança.
Ajuda-me a fazer feliz o maior número de possível de seres humanos, para ampliar seus dias risonhos e diminuir suas noites tristonhas.
Não me deixe ser um cordeiro perante os fortes e nem um leão diante dos fracos.
Imprime em meu coração a tolerância e o perdão e afasta de minha alma o orgulho e a presunção.
Deus! Encha meu coração com a divina fé...Faz-me uma mulher realmente justa"

 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um vício chamado SM



Ah, esse fogo maldito que queima por dentro. Maldito vício chamado SM! Talvez a mais potente e alucinógena das drogas.
 A princípio parece apenas uma brincadeira. “São fantasias”, pensam os desavisados e curiosos. O problema é que a coisa não funciona bem assim. Uma vez gostando do primeiro texto relacionado ao tema passamos a buscar mais e mais esperando saciar a vontade de entender o porquê de tanta “insanidade” causar excitação. Vivendo em uma sociedade onde, nos dias de hoje, a submissão da mulher ao homem é inaceitável e onde gostar da dor é considerado distúrbio psicológico, a umidade entre as pernas e o pré-conceito do que é certo passam a guerrear na cabeça do leitor. Mas, não são só textos... Há ainda espalhados na rede uma infinidade de imagens e vídeos. Uma verdadeira overdose gratuita de SM capaz de corromper qualquer criatura.

  
E a coisa para por aí? Não! Mesmo que nos entreguemos às fantasias e deixemos que dedos e brinquedos aliviem o tesão que aflora à pele, é preciso mais. O sádico necessita ver a expressão de dor e prazer causada por ele, assim com o masoquista anseia, desesperadamente, pelo momento em que seu corpo será tomado pela agonia. Não basta desejar dominar ou se submeter a alguém. É preciso colocar isso em prática.
Pronto, eis aí a constatação de quão perigosa é essa droga. Tornamos-nos dependentes do SM mesmo antes de tê-lo experimentado. O vício é tamanho que encontrar finalmente uma forma de saciar essa vontade passa a ser um objetivo único. É nessa hora que muitos caem em armadilhas e acabam conhecendo o lado podre e doentio de vermes que contagiam o meio - mas essa é outra questão.
Para aqueles que finalmente conseguem se libertar de seus medos e preconceitos, se permitindo uma relação SM, saibam que nesse momento não entregaram apenas o corpo ao prazer e à luxúria, mas também a alma. Essa é imediatamente contaminada pela droga e, nesse caso, sinto dizer que a dependência não tem cura.


Dado o primeiro passo não há como retroceder. Nenhuma noite de amor baunilha terá encantamento depois de uma sessão SM. Entender o porquê disso é fácil... O SM não é apenas proporcionar e sentir dor, ele engloba domínio e submissão, arde e incendeia seus adeptos estejam eles ligados, ou não, por sentimentos como amor ou paixão. O som decorrente do uso dessa droga não se limita a suspiros e juras de amor. Ele se expande em gemidos, gritos, choros e súplicas. A melodia se faz ainda pelas notas intercaladas do zunido do chicote cortando o ar, do estalar da mão que atinge a pele, do esfregar de correntes.
O SM tem cor. Nuances que do rosado passam ao vermelho pálido, ao vermelho vivo, ao vermelho sangue. A tonalidade ainda mudará no decorrer dos dias. Serão lembranças coloridas desenhadas na pele, transformando corpos em verdadeiras obras de arte e prazer.



E não é só som e cor. O SM tem lá seus sabores oferecidos em chuvas de prata ou ouro, no suor salgado que percorre o corpo, no doce-amargo gosto do gozo. Tem o perfume do prazer, do medo, do desejo, da loucura. Mais que isso, tem textura, temperatura. Ah, essas não há como explicar, apenas como sentir.



Com o passar do tempo iremos deparar com o inevitável. Vamos descobrir que não podemos viver sem o SM, mas que poderemos sobreviver a ele, basta apenas escolher como. Ou se aceita e desfruta dele como fonte de prazer e loucura ou podemos optar por sucumbir diante de fracassadas tentativas de recuperação. Ele não nos matará, é sádico demais para isso. Mas será o pior dos sofrimentos, a tradução exata da “dor que desatina sem doer”.


(autor desconhecido)